Aqui você tropeça no poeta e em suas poesias!!!Venha,veja,comente,aprecie,critique e usufrua este encontro!!
sábado, 31 de agosto de 2013
soneto da chuva
a chuva cheira à infância
principalmente quando molha
a terra a alma e desenha
no vidro da janela
arabescos mandalas ideogramas
de ar e agua a chuva
agasalha e acalenta as sementes
as teias os casulos e as crisálidas
a chuva acorda
os insetos os brotos a grama
a chuva acaricia
as arvores e as casas a chuva
desce e sobe a chuva
é luz condensada
oasis no cinza das lembranças
praias onde caminho
e caminhante se mesclam
com a areia a agua e a brisa
praias onde coqueiros
são roteiros e refúgio
para o sol e para a sede
praias onde vive
e vivo minha saudade
lembranças sólidas
palavras que fogem
palavras que se escondem
palavras que me escolhem
dança entre os olhos
silêncio das pedras
as vozes na janela
construímos poema e poeta
vitrais do tempo
fractais da aurora:
as lembranças sólidas
eros
na planície da alma
o lobo observa
o voo e as vozes
e caça os detalhes
que deslizam na pele
e desviam na face
obliquamente ao desejo
o lobo observa
-ele próprio um ataque
ele próprio uma arma-
e decide morder a carne
onde a roupa se esconde
e o olhar desguarnece
na planície da alma
ávido e ágil
o lobo observa
e nunca se entrega
veios e voltas vias
o sol lapida
na luz assimétrica
veios e voltas vias
onde o invisível
claramente se mostra
mandala e mosaico
o tempo balança
dentro do espaço
em espirais que se abrem
e se fecham
mandala de momentos
complementares
mosaico de horas
irregulares
o espaço se acomoda
dentro do tempo
encontros tropeços e saudade
uma outra luz
nas mesmas ruas pássaros
vozes silencio
entrelaçam encontros
tropeços e saudade
o coração das palavras
não me interessa ser
o mais lido nem
o mais comentado
projeto expressar
sofridamente
a fúria
a ternura
que dilaceram na alma
- silencio sonoro -
o coração das palavras
duas colunas silencio absoluto
face desfeita
tempo e espaço são
as duas colunas
por onde desliza o
silencio absoluto
entre a leveza e as palavras
viagens pousam
entre a leveza e as palavras
no leque de passeios
enquanto a tarde passa
e desce
sem pressa
luminosa
delicada
quinta-feira, 29 de agosto de 2013
flores que exalam solidão
ouvindo flores
quando não escurece
mas a tarde cai
flores que andam falam
e exalam solidão
quarta-feira, 28 de agosto de 2013
canções de piano confidências de flauta
depois da saudade
deposito nas paredes
um esvaziado retrato
(paredes sem tijolo
e sem palavras)
e no teto onde naufragam
as últimas estrelas
meu silêncio deságua
canções de piano
confidências de flauta
luz cinzenta de agosto
flores que brotam
quase soltas nos galhos
flutuam sozinhas
(anulam folhas) na luz
cinzenta de agosto
essência insípida dessa trilha apagada
o cheiro de carne
assada
se aproxima e se afasta
dos movimentos que brotam
aleatórios
da essência insípida
dessa trilha apagada
segunda-feira, 26 de agosto de 2013
veios de carícia e sonho
o que a nudez
esconde o vestido
escancara : veios
de carícia e sonho
o ouro da idade
sexta-feira, 23 de agosto de 2013
aborto elétrico
para Renato Russo
in memória
monte castelo
velha infância
vento no litoral
da legião urbana
ao simplesmente grande
renato russo
tudo isso não foi
aborto elétrico
in memória
monte castelo
velha infância
vento no litoral
da legião urbana
ao simplesmente grande
renato russo
tudo isso não foi
aborto elétrico
um pavilhão de espelhos
quando brigo
é sempre comigo mesmo
principalmente se enfrento
um outro reflexo
neste mundo
(tão vasto e tão pequeno)
um pavilhão de espelhos
lembrança que dói
mesmo não sendo
disfarce
estremece
na superfície da face
o tímido detalhe :
a orfandade do afeto
na solidão indesejada
suas garras de gárgula
mesmo com tantas
lágrimas a viuvez
não desinstala
do coração seus dentes
suas garras de gárgula
ilumina a lua cheia
flores noturnas
perfumam a saudade :
dama da noite
dona dessas calçadas
ilumina a lua cheia
quinta-feira, 22 de agosto de 2013
pousos e viagens
corpo que molda
na roupa os contornos
da própria pele
os pousos do desejo
nas viagens da alma
quarta-feira, 21 de agosto de 2013
silencio que ainda não falo
ouço meus passos
enquanto passo
enquanto ouço
entre os possíveis
passados
meu outro
silencio
este
que ainda não falo
terça-feira, 20 de agosto de 2013
mais coragem do que carma
os dias repetem
sua ladainha :
carma
e
coragem
no meio da inércia
as sementes germinadas
ainda são frágeis
mais coragem do que carma
flores raras e banalíssimas
pois são bem raras as flores
que são flores banalíssimas
e assim é o amor precioso e puro
nas suas mais diversas formas:
amor entre homem e mulher
amor entre dois homens
amor entre duas mulheres
todos os jeitos de amar são válidos
e se amalgamam à grandeza
das almas onde afloram
e nos de coração estreito
por tacanha teologia torta
nestes se lhes falta (o amor) propaganda enganosa
um reles ponto de venda
domingo, 18 de agosto de 2013
sonho real
existem sonhos
que mostram como fazer :
demônios não são
demônios são medo e
raiva sombras na alma
sábado, 17 de agosto de 2013
chocolate chimarrão
sonho cinzento
sombras no céu perfilam
semanas de frio
agasalho lareira
chocolate chimarrão
sexta-feira, 16 de agosto de 2013
vidas presentes vidas passadas
as máscaras sem uso
desnudam a solidão
paredes de lembranças
andares de saudade
para trás e para frente
o mesmo túnel sem fim
espesso e espiralado
onde a claridade
tece e destece palavras
que o silencio agasalha
delicadamente agora
as máscaras sem uso
vestem outras faces vidas
presentes vidas passadas
quinta-feira, 15 de agosto de 2013
vazante das ruas
vazante das ruas
(mesmo com os protestos)
carros ônibus
disputam o asfalto
dilatam a solidão
sábado, 10 de agosto de 2013
dharma
na mão direita uma flor acesa
na mão esquerda a própria morte
a vida não faz escolha
nós somos a escolha que fazemos
nós fazemos a escolha que somos
pequena prece de fim de ano
nem mais
nem menos
nem mais-ou-menos
para ele
todas as pedras
são preciosas
todas as almas
-sem exceção-
são puras
todas as coisas
-todas elas-
são sagradas
para ele
e um dia
para todos nós
partes inteiras da música
olhares passeiam
entre os seus detalhes :
folhas curvas luz
frases da brisa partes
inteiras da música
cemitério dos sonhos
umas e outras nos dedos
da brisa caem
algumas rodopiam
algumas resignadas
aceitam
a grama
o concreto
o asfalto
como seu
cemitério dos sonhos
sexta-feira, 9 de agosto de 2013
sussurros de sal e sonho
nenhuma das cores
tinge ou dissolve
esta presença
flores ondas na janela
sussurros de sal e sonho
cadeiras e coqueiros
nas diversas superfícies
de água e brisa
a saudade se aprofunda
luminosa
impecável
jardins da morte
abotoam na pele
presenças imaginárias
fantasmas de vênus
ou marte
traços indeléveis
sublinhando
tudo que já foi
mas amadurece
a própria vida
nos jardins da morte
cacho de lembranças
pequenas sombras
desenham nas calçadas
recifes ondas
vales nuvens montanha
um cacho de lembranças
luazinha
fiquei te olhando
quando acordei
você ainda estava dormindo
pálida
palidamente
sem gestos
quase sem malícia
(você
que já não é mais inocente)
fiquei te olhando
como quem namora a lua
mas estava tão perto
que se mergulhasse
alcançaria teu corpo
talvez teus sonhos
neste momento você sorriu
deixou nos meus dedos
restos de sono
continuei te olhando
feito bobo
enquanto você sorria
sorria
sorria
agora somente com os olhos
verbo
nomes atravessam a noite
são estrelas
são perfume
são carne
iluminam
a própria pele
a própria substancia
que se dissolve
mudam de som
para silencio
mudam conteúdo
e forma
mas seguem
eternos
assim:
nomes
verbo
palavra
perdas
nem sempre umedece
a folha da face
mas
as raízes do sonho
crescem
no escuro das palavras
e a poesia
se debruça
se deita
e se espalha
nas pedras- e perdas- da alma
quinta-feira, 8 de agosto de 2013
suas cores
a manhã transborda no quarto
cada silencio
que dormia
desperta
os peixes flutuam
aquário
suas cores
no espaço onde há pouco
só a penumbra
e os sonhos
se espalhavam
silencio da palavra
o silencio da palavra
impregna pulmões e pele
não
não pergunte nada
respire
e se deite
entre os espinhos
e a pétala
nunca mais saia de casa
soneto sob o sol
de onde venho não vem
este silencio dentro da risada
esta escuridão que ilumina
as estrelas durante o meio-dia
de onde venho não vem
palavras que não ouço mas falo
vivencias que não tive mas vivem
em mim outra pele outra identidade
de onde venho não vem
o que se esconde na claridade e constrói
uma ponte sobre o abismo que separa
o sonho (real) e realidade (sonhada)
pois de onde venho só vem um olhar
que meus olhos abraçam e dilata minha alma
mesas na calçada
quando acordam
eles se deitam
na saudade
e agora bebem
e se esquecem
e se escondem
atrás da alegria inflável
suas vozes
me confundem
me atordoam
e suas risadas
doem na minha alma
vozes
vozes gotejam
no dorso das horas
deslizam
entre a face e a faca
e perfumam a saudade
antes que a amargura transborde
quarta-feira, 7 de agosto de 2013
curva dos passos
avançam na luz
vestindo preto despindo
às cegas a curva
dos passos desejo oblíquo
na tarde azul e seca
espumas e estrelas
da tarde escura
à noite clara vestígios
do dia ocultam
estrelas perdidas
espumas inacabadas
desenho das arvores
os cheiros desbotam
este calor de inverno
o desenho das arvores
esconde nos edifícios
a menor parte
do que já foi uma cidade
de vidro e pedra
terça-feira, 6 de agosto de 2013
estrela estragada
sinal fechado
(a pé
nunca de carro)
mas eu atravesso
verde:
eu respeito
vermelho:
eu ataco
berlusconi e lula
símbolos do pior
berlusconi e lula
jogam no lixo
o legado de roma
a luz de rui barbosa
segunda-feira, 5 de agosto de 2013
crise dos nomes
enquanto flores
afirme
a frágil saudade
a crise
dos nomes
dura
até a noite
e depois
do primeiro orgasmo
passa
axioma
não procure não espere apenas faça
a sua parte sem exigir
a não ser de si próprio
que ela seja perfeita
não aguarde dos outros nada
além do silencio e de um olhar
agradecido de vez em quando
se possível nem isso aguarde
jamais prometa coisa alguma nem faça
com que lhe prometam o que não se cumpre
dói nas duas partes
tudo o que se move ou que está parado
é provisório eterno é o que passa
o que fica é somente tédio
folha na face
a folha quase um galho
toca minha face
como as agulhas ela conhece
o ponto da carícia
o meridiano da saudade
e sendo vento e arvore
ela aquece ela queima ela derrete
o metal da fome
o frio que atravessa a pele
a terra que estremece a terra
onde tudo nasce
onde tudo morre
a folha que é minha outra face
domingo, 4 de agosto de 2013
poesia e olhares
despir imagens
desta nudez imposta
alheia imprópria
e vesti-las com alma
poesia e olhares
sábado, 3 de agosto de 2013
arvore no ar
folhas se soltam
brincam de cair na brisa
e de ser assim
arvore em pleno ar
depois no chão se perdem
ibirapuera
camadas de silencio
repercutem patins
bicicletas
arvores
pessoas correndo
caminhando
simplicidade da vida
no espaço aberto
das coisas claras
lago dos olhares
cabelos vozes
dividem claridade
brinquedos passeio
o lago dos olhares
ocupam luz do parque
aurora e crepúsculo juntos
um dos que possui
a antiga chave do mundo
me diz abafadamente :
o silencio fermenta a palavra
as trevas vestem a luz
mas quando ela fica nua
fica tão linda quanto
a aurora e o crepúsculo juntos
dançando lado a lado
então o próprio obscuro
me diz de forma clara :
as trevas fermentam a palavra
o silencio veste a luz
e assim ela fica completa
tão resplandescente quanto
o sol exalando
seu sorriso na claridade absoluta
sexta-feira, 2 de agosto de 2013
amálgama
não é uma pergunta que vem nos seus olhos
não é um desafio não é uma resposta
(quem é que me olha quando você me olha?)
e o que acontece não é uma promessa
meus dedos colhem o que não é pétala
pressagio na pele sonho acordado
meus dedos sabem o indecifrável seus olhos
tocam meus dedos tocam meus lábios
(você me olha quando não me olha
no seu olhar meus olhos viajam)
beija-me a alma beijo o que não é corpo
em nossa pele passam as palavras
tecem as carícias o roteiro da entrega
doce mistura de fogo e água
labirinto de édipo catacumbas de jocasta
se o amor frequenta
as casas suspeitas
mulheres de má fama
levam crianças e velhos
(machos envergonhados)
no colo
enquanto profetas
e patriarcas
(padres pedófilos
e pastores endemoniados)
brincam de esconde-esconde
no labirinto de édipo
nas catacumbas de jocasta
imóvel velocidade
de repente
o tempo estaciona
na rápida eternidade
dois segundos milênios
entre sorriso e lágrima
vidas e mortes
entrelaçadas
descansam
na velocidade imóvel
deste momento
céu dos teus sonhos
enquanto fenece
a tarde veloz
caminhas para dentro
da noite que habita
o céu dos teus sonhos
lágrimas transparentes
os olhos
aprofundam a face
onde
se mergulha distante
no azul da saudade
nas lágrimas transparentes
cinquenta tons de cinza
imitam luzes
cinquenta tons de cinza
e quando falam
da flor murcham palavras
e ressecam a alma
cerne dos olhares
a minima face
desobedece
as pautas da posse
e se esquiva
obliqua
aos ditames da ordem
livre demais
para ser minha
livre demais
para ser dela
fulgura
indefinidamente
no cerne dos olhares
amada
não seja a visão que se extingue
incêndio na pele que antecede o inverno
crepúsculo que não pode ser recordado
e que nunca mais se repete
não seja o instante único um vislumbre
claridade que cega luz que confunde
e faz com que os outros dias sejam mais iguais
mais comuns e mais insuportáveis
não seja a sem substancia o voo apenas
a insustentável falta de gravidade e de prumo
neste mundo tão nítido e tão pesado
não seja nada disso que não possa
ficar comigo não na minha alma mas na minha carne
no meu coração como uma chama eternamente viva
quinta-feira, 1 de agosto de 2013
clones fakes avatares
a lápis
e lapsos
esboços esbarram
em gestos
olhares
e inventam vozes
fases
lugares
onde somos outro
sol de inverno
sonhos antigos
voam entre os pássaros
medos e sombras
dançam nas pedras dentro
deste sol de inverno
plástico e alegria
nas mãozinhas frágeis
poderia ser o mundo
esta bola azul
de alegria e plástico
colorindo o parque
atalhos no encanto
olhos desaguam
(refluxo dos olhares)
no lugar-comum
mas o coração refaz
atalhos no encanto
bandeiras
transborda no poema
o sumo dos protestos :
os fins
nunca justificam os meios
lugar de mensaleiro
é na cadeia
não na comissão de ética
o ministério público
e a imprensa livre
não podem ser amordaçados
as minorias que pensam
e sofrem preconceito
dispensam
esse pastor de ovelhas
obtusas e resignadas
faces
no teu corpo
há duas noites: uma
é secreta a outra
é invisível
teu corpo é a terceira
face da moeda
prece
esta
é uma hora de silencio
de muito silencio
meu coração já não tem mais perguntas
ele apenas te ouve
o menor movimento que fazes
me faz tremer todo
eu sou frágil senhor
eu sou muito frágil
mas
se for necessário
quebra-me completamente
saberei começar de novo
Assinar:
Postagens (Atom)