sábado, 15 de novembro de 2014

sagitariano







 ambígua
      natureza:

       liberdade
         selvagem

         sublime
             ideal





escorpiniano








ferroada
     carícia

 kundalini
      sobe

libido
     vinga





libriano







ponderar
   beleza

mas
     vênus
  (seduzida)
          desequilibra







virginiano







abraço
  inteligente

detalhe
     que
         ilumina

                   biblioteca






leonino







domínio
 (domingo)
        solar

     juba
     (júbilo)
    coroada






canceriano








coleciono
  afetos
  onde
         livre
              me
            prendo






geminiano







dois
     rumos
diversos
          caminhos
múltipla
         face







taurino








enraízo
               manhãs
                 sobre
                asfalto
fazendo
               fazenda







ariano








tecer
         inícios
no
     início     :

                      fogo
                   criativo






pisciano






costuro
          viagens
             nas
        lembranças
             imóveis :

                         relicário








aquariano







lugares
     alagam
     esquálida
        lógica :
                  luz
               aquosa





capricorniano






nas
     formas
 consagradas
  um
     brilho
            novo





sexta-feira, 31 de outubro de 2014

cálice






falo para o coração
quando me calo      quando
contenho minha raiva        quando

percebo o simples fato :
somos diferentes não adversários
"eu sou eu e você é você

e se nos encontrarmos será maravilhoso
e se não      não há nada a fazer"









P.S.: os versos entre aspas são uma livre adaptação e tradução de trechos da belíssima Oração Gestalt de Fritz Perls.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

(dissonância desses tristes tempos)






o que sou me sussurra
dentro dos ruídos da raiva
entre os atalhos e espinhos

da minha mente inquieta
o status da minha essência :
ahimsa            amor-sabedoria

(mesmo que eu ainda fale e falhe a partir
da dissonância desses tristes tempos)





sábado, 27 de setembro de 2014

marina no segundo turno








sobre a mentira
sobre a maldade
a semente sobrevive

as flores do medo
a aurora despedaça
depois da noite escura
no segundo turno
os detalhes da esperança
vão se espalhar na claridade

e colorir cada voto
e germinar em cada coração
acordado e comprometido

com a construção do sonho






sábado, 6 de setembro de 2014

tímidas flores





claridade fria
sussurros de setembro
tímidas flores






uniluz





as cores da saudade
sombras sinceras
lugares da brisa
recanto do silêncio

repouso das palavras






flor dos olhares





vasos de vozes
perfumam o silêncio :
flor dos olhares






interior






cadeiras na calçada
chimarrão ou cerveja
chá gelado
vinho quente
o aconchego das conversas

varando as madrugadas









metrópolis





fantasia
    concreta
          as
               casas
              solares
          reverberam






varandas





varandas de sol
mamoeiro         sabiás
cedo     :     lembranças






sexta-feira, 5 de setembro de 2014

história






no começo :
                    estrela
na sequencia :
                       hipocrisia
agora :
            pesadelo
                           e piada

a esperança
                    não venceu o medo
a pureza
               virou populismo






                    

histeria





nas
redes
       sociais
   ilusões
transbordam :

          histeria






estórias





estórias pulsam
esquinas e escadas
ruas em espiral






sábado, 30 de agosto de 2014

morumbi






enorme torre
entorna
frequência imodulada
saudade hertziana
e banda larga de

superfícies da palavra






da solidão sólida à líquida face






viajo
entre silêncio e vozes
entre sussurro e brisa
entre chuva e tempestade

da solidão sólida
 à líquida face






sólida saudade






poema
          abstrato
sólida
         saudade
arte
      simbólica






luz sólida em si






lembrar sábados
praia      plantões      palestras         luz
sólida em si






linguagem do coração






o sol nas folhas
pássaros dentro da luz
tudo no parque :

gestos da claridade
linguagem do coração






sol e sonhos






só sou
onde somos

sol e sonhos







marina






vote
    acordado

       construa
        um
             novo
                        sonho






segunda-feira, 11 de agosto de 2014

jardins da perda







atras dos olhos
no interior da luz :
jardins da perda







amnésia







lugares
     que
não
     ocupam
        lugar :

                    amnésia






limiar






roer as ruas
as unhas as runas
os búzios da promessa
coletar olhares
e desenhar nos retratos
a história secreta
dos números e dos nomes

que se escondem na luz





quarta-feira, 6 de agosto de 2014

arvores conversam








arvores conversam
através dos galhos
que são frases
através das folhas
que são palavras
e nos frutos
                  e flores
elas beijam
                 e sorriem





tropeços da luz









tropeços da luz
estilhaçam na sombra
o arco-íris









flores voando







asas
       pétalas
borboletas
                são
flores
         voando







segunda-feira, 21 de julho de 2014

agônico e sensual











fenece
          e renasce
de novo fenece
                         e rerenasce
e assim sem cessar
permanecem
dançando um tango
sensual e agônico

a vida
           cruel e sedutora
e o anjo
              bondoso da morte










oceano e horizonte









inverso das vozes
música do silêncio
colorindo o horizonte
onde se espelha
e se espalha
o imenso
o intenso

oceano sem palavras










deus na eternidade












cresce no final
e desafivela-se
cinto e sangue

o sonho de ser homem
deus na eternidade








transparente








o
   perdão
é
    transparente
luz
       iluminada










fragilidade








tão
       forte
fragilidade
             que
tudo
         desarma









torto








curvando a luz
assimétrico traço
desejo torto








sábado, 19 de julho de 2014

quinta-feira, 17 de julho de 2014

longe









repentina voz
lá dentro e bem longe
o maior silêncio









momentos











braços dados
um longo caminho
afeto comum
o pão diário
no café da manhã

mais adiante
em outro olhar
a ausência de luz

momentos diferentes
pessoas desiguais
que não se cruzam









aeroporto










pulsos
     velozes

        círculo
             de
          fogo :

                     aeroporto








casas








folhas na rua          luz
cimentando silêncio  :
casas do sono









quarta-feira, 16 de julho de 2014

aprendizado







sento e sinto
silenciosamente
o que move as palavras
o lugar escuro
onde nascem os gestos
e como convergem
(palavras e gestos)
sobre espinhos e arestas
(corpo e alma)
plasmando este aprendizado

que chamamos de doença







flauta









solo e sonho
a delicada flauta
mínima onda

flui no silêncio onde
a aurora boceja







pétala










as cores soltas
(translúcida pétala)
aquecem a rua







pássaros









árvores
      abraçam
        edifício
onde
        pássaros
       florescem






terça-feira, 15 de julho de 2014

caminho










caminhos
    pulsam
             no
                 caminho :

                  viva
                     viagem









passos









passos na sombra
últimas luzes na luz
que nunca dorme










compromisso








vislumbre
primícia
compromisso

a manhã deixa de ser uma
promessa

e se cumpre








carros









parados
    passando
           carros

    manhã
            ou
          noite ?








nenhum










mínima fala
e quase nenhum vulto :
rua do silêncio










sorriso








em cada folha
silêncio
em cada brisa
soluço
manhã noturna
e a lua lá no alto

é um sorriso








eu sou aquilo que é







transbordando vozes
                            e visões
o tempo se move
nas espirais do silêncio

sobre si mesmo
                    no eixo

do
      eu sou
                 aquilo que é






dedos da alma







sobre o sono
tocando as estrelas
dedos da alma










domingo, 13 de julho de 2014

vivo mosaico







as horas depositam
na pele das ideias
murmurios
                ruídos
                          silêncios
o paladar das imagens
cheiros visíveis
amores de mentira
                            e de verdade

as horas se depositam
na substância da alma
e se tecem vivo mosaico
que pulsa
                indefinidamente






lágrimas








lágrimas
            são
                 brilhos
de
    estrela
              extinta







sexta-feira, 11 de julho de 2014

concreto







outros passos
outros pássaros
acontecem
                   fora da janela :

porto
          de  primícias
pouso
           de promessas









         



puro silêncio










depois da festa
nasce na tempestade
puro silêncio









tema









filhos
     da
     palavra :

  entre
           nuvens

      assuntos









desafeto










desafeto :
         
    solidão
    coagulando

           chuva
                 na
              pele















dissabores







doce
       excessivo
torna-se
             amargo
depois
          amargura









quinta-feira, 10 de julho de 2014

uma pergunta







uma pergunta
entre os gestos
                       solta
atravessa as frases
                            e entorta

a caligrafia das vozes







pensamentos arranham minha face






de todas as coisas
trago apenas folhas
ah é tão pouco esse pão
e tão secas as palavras

levo aonde for
como se não fosse nada
como se não fosse água
este amor suas asas

todas as mães que tive
as famílias impossíveis
os retratos dissipados

olho para as minhas mãos :
música suave vozes no tapete
pensamentos arranham minha face






insônia







alta
   madrugada
       margens
               da
           palavra :
                        insônia







terça-feira, 8 de julho de 2014

céu opaco








nudez do olhar
vestindo claridade
no céu opaco








jogo da vida








o sono que dói
evapora
entre nuvens e sombras
a certeza de vencer
na rua
           e no campo
o medo
            e o cansaço







música chuva








carro
 transbordando
              música

silêncio
       varrendo
            chuva







manhã escura







manhã escura
caminho no orvalho
depois da chuva








flores vermelhas







nenhuma folha
a árvore acende
flores vermelhas







chama








as
   flores
        no
asfalto
        despertam
        olhares







levamos o ser deixamos amor







fica de nós
somente aquilo
que foi amado
e levamos apenas
o que fizemos
com encanto e arte

e não é mais nosso







segunda-feira, 7 de julho de 2014

sombras







sombras :
           
            lugares
            onde
                   a
                      claridade
                          sonha





passos sem pressa






a tarde desce
do silêncio à festa
passos sem pressa





sábado, 5 de julho de 2014

sou o que escrevo







escrevo o que sou
                            sou
o que escrevo
                     não
finjo
       não invento
apenas vejo
reflexos
            retratos
                        reflexões
da palavra sobre o silêncio
                                        milhares
de pedaços inteiros
                              poucos
versos
          mínima face

história infinita







mais








encostado
  no
      sonho
               
               levanto
                         mais
               leve






vozes bem claras








abrindo flores
olhares sem neblina
vozes bem claras









copa sem reeleição









acolho
     cores
        verde
    amarelo
                 rejeito
                          verme(lho)s








quinta-feira, 3 de julho de 2014

pouso de pausas








rede de folhas
um radar luminoso
pouso de pausas








o sol desponta cor de rosa








as nuvens protegem
a aurora muito frágil
levíssimo traço
da chuva que se esconde

a sabiá e o padre
passam por mim
e não me olham

mas a claridade
vai vencendo a sombra

e o sol desponta
                            cor de rosa









             

no deserto flor









sua face ressoa
estrada e estrela
no deserto flor







cerca elétrica










poemas
               gotejam
       na
           cerca
                    elétrica

                               amanhece






canto bem claro








canto bem claro
escuro onde nasce
silêncio na rua

o inverno nas flores
esse frio que aquece







terça-feira, 1 de julho de 2014

na manhã nascente a árvore silenciosa







ruídos do céu da rua e da casa
na manhã nascente
somente a árvore
é totalmente silenciosa

no sono das palavras
a primeira luz desperta
depois que se apagam
todas as outras luzes

e todas as lembranças
da vida passada
a poesia das pedras

os sabores do encontro
na manhã nascente
a árvore silenciosa






domingo, 29 de junho de 2014

sábado, 28 de junho de 2014

mínima brisa








mínima brisa
onde pulsam olhares
sonhos e senhas








zumbis







janela
        para
  dentro  :
              
         abduzidos
             pelo
                       smartphone






semente não somente







no mínimo
na menor parte

o infinito se desdobra








preliminares









devora-me
          pois
           não
                quero
                te
                   decifrar








vida e morte







cheiros não são flores
vida e morte entrelaçadas
ausência desabrochando

nos salões da alma







alma








mãe
    das
    palavras
               silêncio
                  é
                   alma






dentro e fora








dentro e fora
são a mesma direção
no  caminho da alma
é preciso
ouvir o silêncio
                     junto com as palavras






quinta-feira, 26 de junho de 2014

nos olhares leio









nos olhares leio
a própria alma sobre
e sob os gestos








dádiva








carícias
   se
       soltam :

                       flores
                             do
                                  gesto





arvore








o escorpião morde
a base da coluna
serpente de fogo
criando asas
e parindo a águia
que enfrenta o lobo
para que se liberte
da arvore merlin
e solto na minha alma
ilumine lá fora
os que estão vindo e são

artur e guinevere





contornos do céu







leve a música
sussurra do passado
solidão e adolescência
ternura do pássaro
nos contornos do céu
varandas e luares
noites perfumadas
e o começo de tudo

a imensa sensibilidade





definições









ruídos :
              canções
              pósmodernas

silêncio :
                 música
                 clássica





ladeiras sobem








ladeiras sobem
descê-las       hoje       sempre
é só preguiça







grande haicai







as cores da manhã
desabrocham na luz e na sombra
sobre o silêncio do asfalto
                                      e das arvores
os edifícios acordam
                             barulhentos
lapsos de nuvens
e nenhum vestígio
                         da brisa






             

quarta-feira, 25 de junho de 2014

elogios sem alma









doses
  de
    solidão :
   
           atalhos
            atolam
                     hipocrisia







voo enjaulado








solo que sobe
do exílio sonoro :
voo enjaulado






entre silêncio e pássaros







entre silêncio
e pássaros        sonhos
pessoas        carros 
passam        mas só ficam 

a brisa ligeira
a manhã recém-nascida






terça-feira, 24 de junho de 2014

amanhecer








nenhuma
               nuvem
largo
       horizonte
                          pétalas
                       luminosas







foice adaga e meia taça








azul noturno
logo azul cobalto
vênus segura

a lua crescente        foice
adaga e meia taça







distância e poesia








ainda estão acesas
as luzes e as lembranças
as janelas me olham
                                  iluminadas
as calçadas são só minhas
                                               e a distância

de novo vai virar poesia







domingo, 22 de junho de 2014

investigações sobre a santidade







tecendo olhares
na obscura claridade
não podemos discernir
medidas         medalhas        milagres

só transcendemos o que somos
quando somos além do sonho a soma
do futuro com o passado
no único tempo que é nosso :

o eterno presente
o infinito agora

essa ponte sobre o nada






caminhar ideias







caminhar ideias
e subir no silêncio
metáforas        hiperboles
inteiros fragmentos
do tempo assimetrico

desnudar-se escondendo
a verdade dentro da verdade

caminhar em si mesmo




sexta-feira, 20 de junho de 2014

flores de inverno








flores de inverno
desabrocham na neblina
colorindo o cinza
o sonolento dia
e decretam o provisório

exílio do sol






quinta-feira, 19 de junho de 2014

erros luminosos







trapaças
           e tropeços
o lirismo
           das palavras
fere mais certeiro

erros luminosos
                      são os piores erros








pedra provisória










chuva
       sólida

        tarde
             opaca

                               pedra
                           provisória








terça-feira, 17 de junho de 2014

poesia e música entrelaçadas






violino e flauta
caminham no silêncio
navegam na brisa
sonham na palavra

enquanto o piano espera
enquanto o piano sussurra
passeios       pomares       paisagens

constelação de ilhas onde voam
onde vivem e repousam

poesia e música entrelaçadas






segunda-feira, 16 de junho de 2014

céu amendoado


   





              degusto
                 distâncias
                            céu
                     amendoado

                 esvaziada
              lembrança








                             

vestindo alma







todas as cores
a luz abraça         pele
vestindo alma








domingo, 15 de junho de 2014

amores amadurecem







                    amores
                       amadurecem
                          na
                              pele

                              paixões
                       apressadas







folhas asas







                    silêncio
                          nas
                                folhas
                       asas
                         da
                             noite






sexta-feira, 13 de junho de 2014

olhares acesos







                  janelas
                             são
                                 olhares
                               acesos
                         enquanto
                    amanhece






vida desenhada








                                      luz
                     nas
                            folhas
                                        escuras :
                  
                   vida
                                 desenhada






quinta-feira, 12 de junho de 2014

oferenda







dosar esperas
dividir o encanto
servir os versos







ensolarada







                       mínima
                               música
                 pequena
                          dança
                                            praça
                                        ensolarada






sobre todas as buzinas e bandeiras







sombras da palavra
ruas literárias
a cada passo um poema
esquinas
            faróis
                    conversas
e
 sobre todas as buzinas e bandeiras
                                                     o silêncio







quarta-feira, 11 de junho de 2014

nomes







                         
               nomes
                 florescem
                      no
                          poema :
                                         
                                            jardim
                                         sonoro






    

vidro






um brilho manso
molhando a distância
praia e lembrança
outras ondas na mesma areia
coqueiros e sentimentos
sobre a solidão das ideias
todos os caminhos me levam
aonde me livro
do que é vidro

e não é verdade







terça-feira, 10 de junho de 2014

tordesilhas doentes






é sempre um traço
um terço
                 um taco
toscos tratados
capitanias do afeto
                                  hereditárias
tordesilhas doentes
ilhas onde o coração
naufraga e se esconde

sem terra ou ternura à vista






mínimas gotas







mínimas gotas
onde ando      escura
a manhã nasce







segunda-feira, 9 de junho de 2014

catavento







                    espetar
                    nos
                          sonhos
                                       
                                           eixo
                                             da
                                       realidade






sangue suor e silêncio





falo só do que vivo e sigo
vivendo em tudo que falo
não finjo
                a dor que sinto
nem forjo
                  a alegria concreta
do sorriso à lágrima
da solidão ao orgasmo
dos momentos
                           em que sou sublime
àqueles
              em que sou chato
é sempre meu sangue    
meu suor
e meu silêncio
que escorrem                        

em cada um dos meus versos




doce fumaça






incensa vozes
perfuma o silêncio
doce fumaça






domingo, 8 de junho de 2014

(substância noturna)





canções são feitas de luz
e silêncio       mas também
cantam na sombra
                                 as palavras
passos e pulsos
                            (substância noturna)
pousam na tarde
                               desfalecida
caminho devagar
entre estas asas
entre estas almas
que estão dormindo
                                    todas elas

passam a viver no meu poema





lindas palavras nuas





algumas brisas
o silêncio sussurra
outras acendem

caminhos no chão       feixe
de palavras nuas       lindas




nove ramos oito rumos






um lugar sagrado
o tempo de ouvir
as sementes luminosas
na arvore do ser
nove ramos
oito rumos

caminhando na verdade vivamente





p.s. : nove ramos = cabala e eneagrama
        oito   rumos = senda óctupla do budismo
        último verso = o próprio cristo(caminho verdade e vida)

azul no azul







azul no azul
o domingo sem pressa
germina sombras

cultiva o silêncio
acalma minhas feras







varandas







                                             varandas
                                                varando
                                                            o
                                                      espaço :
   
                                                                      sombras
                                                                    florescendo





sábado, 7 de junho de 2014

mordem a luz






lábios às vezes
removem voz e beijo
e mordem a luz





todo caminho





todo caminho é um novelo
onde se entrelaçam
viagens
             lembranças
                                  propósito
todo caminho é sagrado
todo caminho é secreto
todo caminho é uma via-crúcis
todo caminha é um orgasmo
todo caminho caminha em cada caminhante
e o coração é a pátria
onde todos eles se desatam e se abraçam

em amorosa liberdade





desarvore






                         na
                         ponta
                               do
                                   gesto

                                    pequenas
                                           flores




veloz e lenta






na luz molhada
é veloz a ausência
saudade lenta





autorretrato bastante honesto






melhor é o meu silêncio
ou a minha risada ?
                          na dúvida
prefiro circular
                   da ternura à teimosia
                   da fúria até a carícia
                   da disciplina à poesia







sexta-feira, 6 de junho de 2014

manhã lavada







mínima chuva
máxima claridade
manhã lavada






floresce manhã







sonhos e folhas
murcham no asfalto        já
floresce manhã





kanjis







madeira no céu
kanjis do i ching        amor
vivo no braço






esta manhã





esta manhã
tem cheiro de fumaça
ruído de engrenagem
indícios de saudade
luzes dentro da janela
um brilho cinza

esta manhã
de muitos carros
poucos pássaros
novas greves
promete movimento
e nenhum silêncio

e se declara
                   nos seus traços
leve
      inquieta
                  docemente áspera




aquoso e musical





a música goteja
na chuva        mágica
ressoa na fonte       cresce
na varanda
                junto com a flauta

escolho outras escolhas
dentro do presente e do passado
e recebo
             o silêncio do silêncio
nesta e em outras salas
onde o tempo se desdobra
infinitamente doce
aquoso
           e musical




quinta-feira, 5 de junho de 2014

apocalipse






                              delfos
                                  definha
                                       falsos
                                profetas
                                 infestam
                              epifanias




dupla face







                                       espelhos
                                          espalham
                                                    os
                                                       foras
                                                               para
                                               dentro









fasciíte plantar







                                  passos
                                                        fasceíte
                                                        plantar
                             acariciam
                                  o
                                        chão








                   


gata







                        curvas
                               a(s)cendem

                             na
                                águia
                              alguma  
                                       gata







lua (bem) nova







gosto de ouvir
o silêncio fluindo
na lua (bem) nova







estilo







                             não
                                   rimo
                      nem
                            remo
                                         armo
                                       silêncios






quarta-feira, 4 de junho de 2014

avatar







buzinas beijam a claridade
um desconforto que estremece
as flores pintadas na parede

o real rói as unhas
que crescem nas costas e nas crostas
dentro da carícia
totalmente abstrata

sou seu avatar e você
é a minha pandora enfim
é tudo lenda uma fábula

onde o bruxo
se apaixona pela fada
e fica

aprisionado dentro da arvore






terça-feira, 3 de junho de 2014

gratidão









nem sempre espero
luares
           rede
                    gratidão
ando entre nomes
caçando-me
espelhos que se abrem
janelas dentro das grades
caminhos na própria face
armadilhas que adoçam
desvios
              encruzilhada
                                   atalhos

onde os sonhos tropeçam





alpendre








                                             colho
                                          lugares

                                                     alpendre

                                   dentro
                                   da
                                       saudade






perfumes







claro-escuro
onde perfumes pulsam:
rua dos olhares






anima mundi







a palavra me pensa
impressa
              imprensa
noticias da alma
    -  anima  mundi  -
na alma dessas letras

azuis no azul completo





segunda-feira, 2 de junho de 2014

ilhas






ilhas me atravessam
lugares e lembranças
nuvens de palavra
eloquente silêncio
traduzem poesia

nos jardins
                da minha alma






academias





                                       academias
                                             levam
                                              e
                                             lavam
                                                      preguiças
                                                   exercitadas

               







luz ressecada







a chuva no céu
agasalha e limpa
luz ressecada





domingo, 1 de junho de 2014

luz na claridade






doces mentiras
quatro compromissos         luz
na claridade





olhares verdes







gestos na brisa
folhas      olhares verdes
outono leve





um começo







                        flores
                           de
                              pedra

                   espinhos
                           de
                              orvalho





no parque






flutuo entre vozes
lembranças luminosas
música na pele
na solidão de todos
se revelam

todos os encontros






grupoema








hoje sou simplesmente espelho
superfície de água
e tento capturar os rostos
sorrisos        gestos        olhares
que apenas reflito sem compartilhar

primeiro foi a  lua
de um sorriso branco amigo
de suave malícia e gestos
de caminhar ao lado ternamente
adenauer

depois foi aquele menino
já tão sofrido        por isso mesmo
velho
quase irmão
ou filho
de quem falamos       reclamamos
discutimos       criticamos       ensinamos
e aprendemos tanto
naldo

e o outro tímido
esquivo
de sorriso triste
e olhar bonito
amanhecendo em poesia
de protesto e carícia
amarildo

e o escorpião venenoso doce
sempre ativo e pronto
para se ferir       ferindo
tão orgulhoso      frágil
tão amoroso quanto o menino
que não deixaram que ele fosse
péricles

e aquele de quem sou o oposto
pois é o sentido e a certeza
do próximo passo ser
o porto seguro que lhe falta
uma ternura justa e versos
palavras de faca para o que não é
claridade e símbolo
nestor

eis que que chega um trem
que não corre nos trilhos      nem paralelo
à cidade e à selva        invade
territórios       florestas      ruas       casas
e transforma a vida
em sentimento vivo       quase
um deus menino
nilo
 
ela é como uma casa
se arrumando       como um convite 
dito com os olhos       sorrindo
com outras palavras     
meiga         mãe       pantera
meiry

dirão com que fosse o outro aquele ausente
sério       de muitas línguas     pintor
de vozes     silêncios     enigma      imagens
e pulsações novas da palavra
em coração aberto         mas escondido
paulo

ele é o que o momento traz
à praia dos seus gestos       diferente
de sempre       e igual
ao que vai ser ontem       ou tendo sido
amanhã       não pode deixar de ser
valente júnior

e quem me foi apresentada antes
de ver quão frágil é
seu rosto sob o sorriso e a pulsão
do seu sexo disposto a dominar e ferir
para não ser mais sacrificada no plural
suely

e hoje onde estou
aqui longe daqueles tão perto
que escreveram seus nomes em mim
no meu corpo
exceto um poema triste
que fizemos       nem sabíamos
e vinha assinado saudade

como então reencontrá-los
se foi em mim que se perderam
e nunca estarão mortos
nesse amor com que os tenho
e por onde escapam
da minha mão carinhosa








                                                              salvador,1985

sábado, 31 de maio de 2014

caminhada








cheiros no escuro
lua nova
             eucalipto
e as casas

sufocadas pelos edifícios








esboço







mínimo esboço
toda intensidade
desenho de picasso :

nádega
            e
               seio






nudez opaca







                                      múltipla
                                               face
                                          disfarce
                                             singular :
                                   
                                       nudez
                                                opaca











seda









sonhos na pele
desmancham a saudade :
flores de seda







indireta






                                                     caçador
                                                         caçado
                                                     se
                                                        esconde
                                                               no
                                                          silêncio






tristes








folhas se calam
os edifícios tristes
não me esperam








caminho do bodhisattva







um longo silêncio
entre as duas distâncias
sombras sobre as palavras
nuvens nos olhares
uma estrela
secando as lágrimas
colhendo lembranças boas
acolhendo do abraço
a proximidade do afeto

e o desejo purificado





sexta-feira, 30 de maio de 2014

semente morta






as duas faces
do esquecimento:
em natal
e no rio de janeiro
aliás onde esteve
a penúltima miragem
a terceira face
atravessa minha própria face
e muda de fase
somente nua
somente lua

semente morta





elixir do esquecimento







arrancar das lembranças
tudo que não é
sal
    doçura
               consistência
e deixar no passado
fluidez
         e
            neblina
nas várias dosagens

do elixir do esquecimento






sábado, 17 de maio de 2014

farpas






frases são farpas
protegendo a face :
luz é silêncio






jardins de espanto dentro do tédio






as mesmas folhas
as mesmas sombras
outros esconderijos
que desvelam os olhares :

jardins de espanto
                           dentro do tédio






poesia bruta






cada palavra
ao se esconder revela
vales e veios

de poesia bruta
                         a ser lapidada






himalaia





pedra           altura
céu e silêncio rezam :
topo do mundo





quinta-feira, 8 de maio de 2014

fonemas






resíduos
fonemas
no coração imóvel
a alma se movimenta

e a poesia floresce





borderline






                                            na
                                               densidade
                                                   da
                                                       ausência:
                                                                     
                                                                        frágil
                                                                  realidade  






poções






passos no paço
no poço poções           somo
vida e sonho




momentos






daqueles que fincaram
futuro e passado
alguns são invisíveis
outros       impalpáveis
e todos voaram

mas a poesia permanece





enxerto








                                                 ficam
                                                 ficus
                                                       na
                                                       arvore
                                                             da
                                                                 alma











conversas sem brilho






no todo azul
palavras não secaram
mas caem murchas

na saudade bem clara
as conversas sem brilho








abraço da palavra






carros que não correm
murcham a cidade
canções que descem luminosas
distorções escuras que sobem
escolho outros silêncios

e a palavra me abraça




flores pedras






                                              divido
                                         lembranças:

                                         umas
                                                 flores

                                         outras
                                                   pedras




luz das palavras





andar na sombra
colhendo nos olhos
luz das palavras






segunda-feira, 5 de maio de 2014

odaraodessa






                 v    e    r    a       c   i   d       a   d e
                 v   e      r       s      e     i   d a   d    e
                 v     e     r    s     a      v    i     c    e
                 v  e    r  s      i      n   h      o
                 v             e       r           s     ã        o         
             d      a         v      e r     da      d     e       é


                      m   e       (n)     t       i  r       a

   
                                d     e        ss    a    
              
                                   o  d   a    r  a
                                     o d e  s s a









HaiKais do Yuri e minha tanka arvore





 Primeiros Haikais




                                        Flutuamos



                                     Tropecei em ti
                               Igualmente, tu em mim.
                                    Nós não caímos.






                                           Lara



                                   Eu, burra razão.
                               Tu, puro sentimento:
                                    Ensina amor.









                                   Cogito ergo sum




                                   Sinápses geram,
                                De dentro para fora,
                                   Ilusões mentais.









Yuri   Zebral
................................................................................................





                                
                                   tanka arvore


                                  recolher faces
                             dentro da própria face
                                 galhos divergem

                              mas na luz da arvore
                            espelham seus trajetos