Aqui você tropeça no poeta e em suas poesias!!!Venha,veja,comente,aprecie,critique e usufrua este encontro!!
terça-feira, 26 de novembro de 2013
medos entornam
medos entornam
na corrente escura
das suas vivências
o vinagre pesado
das lembranças ácidas
lições primárias
lições primárias
desaprender a raiva
escrever amor
na solidão da pele
no silencio da alma
as baleias cantam
as baleias cantam
sozinhas dentro do mar
uma a uma
perdidas no silencio
e sem se ver se amam
segunda-feira, 25 de novembro de 2013
a face do mal
a face do mal
fulgura no meu rosto
sou o inferno
a sombra que confirma
sua fonte luminosa
domingo, 17 de novembro de 2013
dormindo na cadeia
o feio e o falso
não se tornam
beleza e verdade
só porque eleições foram vencidas
e dois postes foram eleitos
uma em brasília
o outro na cidade de são paulo
ambos ineficientes e atrapalhados
um erro é sempre um erro
e não justifica nenhum outro erro
mas lava nossa alma
ver josé dirceu e os outros mensaleiros
dormindo na cadeia
sobre o esquecimento
desculpas
protegem a mágoa
e a inércia
o perdão
explode a culpa
e cicatriza a alma
sobre o esquecimento
o amor floresce
revigorado
poema lusitano
não sou grande
nem pequeno
sou apenas eu-mesmo
sentado me esperando
no meu corpo como se fosse
uma estação de transbordo
dedos do sol
jardins na sombra
porém os dedos do sol
encontram flores
folhas pássaros onde
o silencio refulge
faíscam imagens
ouvindo nuvens
nem sempre chuva frases
também de brisa :
úmidas palavras voam
e faíscam imagens
teus lábios
teu corpo pequeno que eu toco
viajando em tua pele
nos pelinhos onde se perdem
nas saliências onde se escondem
meus dedos levando
e recebendo carícias
teus olhos fechados
teu sorriso descendo
comigo até o púbis
onde beijo teus lábios
sexta-feira, 8 de novembro de 2013
colméia solitária
zune bem zonzo
bem longe todo zangão
e tão zangado
operário sem o mel
da colméia solitária
zangão
é dos fatos que extraio
menos que das lembranças
e raramente dos sonhos
dos fatos vivos
cotidianos
inesperados
é deles que extraio
esse néctar
às vezes espesso
às vezes amargo
esse néctar
meus versos
distante distrato
hiato
iate
i tem
abstrato
diáfano
distante
distrato
retrato
que retira de mim minha alma
quarta-feira, 30 de outubro de 2013
contos de luz e sombra
nuvens sem pressa
tecem no céu desenhos :
seres e coisas
profecias ou lembranças
contos de luz e sombra
o carvão mais grosseiro em delicado diamante
o perdão são as estrelas
e a lua iluminando
a noite escura
os erros a maldade o medo
e refazendo sem pressa
suave docemente
dentro da alma ressecada
na solidão mais espessa
o caminho amoroso
para que a aurora se infiltre
se espalhe e floresça
e transforme para sempre
o carvão mais grosseiro
em delicado diamante
acordos acordam o coração
escolhas não adormecem
acordos acordam o coração
somos o sumo dos sonhos
que ancoram
o espírito na alma
a alma no corpo
e no corpo espiritual
a alma materializada
estrangeira sempre em qualquer nacionalidade
antes era ruanda
agora afeganistão
mas é sempre
a mesmo ignorância beligerante
estrangeira em qualquer nacionalidade
sexta-feira, 18 de outubro de 2013
antes da tempestade
antes da tempestade
exatamente quando
o vento se recolhe
as arvores adormecem
e no silencio dos pássaros
a noite
deixa de ser uma criança
irmão mais velho
meu coração se debruça
delicadamente
cuidadosamente
sobre a sua fragilidade
sou o seu irmão mais velho
de um parentesco que transcende o sangue
e já nos conhecemos desde antes do tempo
maior muito maior que esse pequeno intervalo
de agora em que voamos e caímos juntos
entre as lembranças esquecidas
e o futuro a ser forjado
quarta-feira, 16 de outubro de 2013
soneto da cura
todas essas vozes
todas essas dores
passam por mim e vão
aonde os anjos as transformam
em matéria luminosa
e espírito de leveza
angústia em arco-íris
depressão em alegria
doença que ensina
a próxima colheita
da árvore da vida
o sofrimento que trazem
ouço mas não confirmo:
nascemos para o convívio da poesia
soneto para neruda
de tuas cálidas distancias
da ternura viva em ti como um abismo
de tuas rosas de sangue e aurora
de tuas perdidas lembranças
de tua voz viola e lua
do punhal doce de tuas palavras
clara noite gema do dia
da carícia de tuas esporas
de teu exílio de teu zênite
primavera de tua casa aquecendo
os heróis tristes todos os desolados
de teus olhos vasto refúgio
onde crepitam lutas luto e luzes arcabuz e arcabouço
de um mundo moldado em esperança
espuma das lembranças na areia da ausência
desce na brisa
distante sal marinho
ondas de tarde
espuma das lembranças
na areia da ausência
onde pousam silêncios
passos da chuva
nas ruas e nas arvores
desenham ninhos
onde pousam silêncios
e a pressa definha
quarta-feira, 9 de outubro de 2013
origami
vozes escuras
desdobram nuvens sombras
que depositam
na superfície dos voos
a ausência profunda
poesia sem palavras
você não sabe
mas ressoa
(dentro de mim
na saudade)
o que não houve
e brilha
o que é somente silencio
mas ainda declama
poesia sem palavras
terça-feira, 8 de outubro de 2013
romeu e julieta
seus olhos traçam o roteiro
tão conhecido e não conhecem
não reconhecem que meus olhos
mesmo calados são companheiros
seus braços tão suaves quanto instáveis
desenham em volta das horas
o mesmo círculo de afetos
em que meus braços se enroscam
nossos passos entrelaçados
nossos gestos - distantes - se parecem
e não parecem concluir o movimento
definitivo de quem se dirige
ao que é mais provável e talvez
exatamente ainda e sempre adiado
p.s. :soneto escrito em 1982 e revisado em setembro de 2013
céu na terra divina matéria
no rio dos seus olhos
meu olhar é lago
no corpo
afrodite
minerva
na alma
céu na terra
divina matéria
tão sólida penumbra
olhos noturnos
na janela se fecham
sorriso nenhum
desvenda seu mistério :
tão sólida penumbra
sábado, 5 de outubro de 2013
meus filhos
folhas verdes
coladas no asfalto
um poema
amarrado nos lábios
meu silencio
ficou yuri
minha alegria
ficou lara
estrela estrada porta estreita
na parede muito branca
é pálida lembrança
um beijo uma frase manchas
que o olhar esconde e conserva
no espelho escuro e cego
(como todo espelho) um outro rosto
assume os contornos o rascunho
dessa infinita saudade
perguntas rondam o pescoço
nenhuma certeza socorre o afogado
e assim nascemos e morremos sem saber
que ainda somos a estrela iluminando
a estrada onde os erros se repetem
e a porta estreita que nunca se fecha
olhares
olhares tecem
entre outros olhares
disfarces frases
de efeito adverso :
olhares não se olham
sexta-feira, 4 de outubro de 2013
ponte imponderável no abismo sólido
os seres de luz
tecem no escuro paz
e claridade
ponte imponderável
no abismo sólido
semente de sol nos jardins do coração
acolhe
ressoa
cada passo
cada volta
da música que transborda
silencio na água
luz gotejando
sobre a pequena
semente de sol
nos jardins do coração
quarta-feira, 2 de outubro de 2013
a dor não se esgota
traços de sangue
rascunham na janela
o momento que
a queda começa mas
a dor não se esgota
linguagem da linguagem
escuto
e toco
nas vozes
nos olhares
diversos silêncios
tudo
é linguagem
inclusive a falta dela
bolhas de sabão e sonho
estouro bolhas
de sabão e sonho na
manhã cinzenta
que se enche de nuvens
esvaziada de luz
terça-feira, 1 de outubro de 2013
meu passado no vento
folhas me seguem
se arrastando no frio
na rua deserta
também se move murcho
meu passado no vento
juntos
quando seus olhos tocarem
o silencio dos meus olhos
eu terei tocado
o silencio do seu olhar
e não ficaremos na pele
onde não ficarão as carícias
uma simples mancha
ainda que bonita
é no coração que deixaremos
o carinho o encontro a certeza
de que estamos juntos
na luz no amor e na vontade
onde cessa a distancia e é desnecessária
toda e qualquer lembrança
iluminado
todos os pássaros
pousaram no sonho
recolho seus cantos
encanto
enquanto
acordo sonolento
iluminado
nus braços da chuva vestindo claridade
vento nos galhos
(gosto de amora) : nus
braços da chuva
vestindo claridade
dançando nos olhares
depois de elis e antes do sono
lua sobre a praia
visibilidade da água
não é escura nem tão profunda
minha saudade
lembranças colidem o momento
é qualquer palavra toda imagem
tudo se iguala e não se confunde
minha saudade
a água desce e não me leva
lava essa face que não me larga
espelho distante vidro embaçado
quem se disfarça e quem se parece
sonho da realidade
realidade do sonho
sábado, 28 de setembro de 2013
outro
no meu corpo
há um corpo
que não é meu
mas sou eu mesmo
como a luz é sempre
a luz para os outros
este corpo
é a sombra do meu corpo
e eu sou o meu próprio sonho
poesia e palavras
a poesia
não precisa de palavras
as palavras é que precisam
da poesia que se escreve nelas
a poesia é a palavra que não precisa ser escrita
uma sala no escuro
uma sala no escuro
fica iluminada pelo silencio
a vida não está
nem dentro nem fora
uma sala no escuro
respira suas formas
de nudez sem as vozes
enquanto fogo se revela
uma sala no escuro
tem cadeiras que abraçam
e paredes que se movem
uma sala no escuro
da janela prepara
o salto mas não salta
sanctum
o último ruído
caiu no chão
ficaram seus fractais
seus inteiros pedaços
estou no silencio
que está em mim
silencio na pele
o silencio
vai ficando na pele
minha pele vai ficando silencio
cada vez mais leve
cada vez mais doce
eu vou deixando de ser
o meu centro
e dentro de mim
vou descobrindo os outros
parede cidade poema
uma parede se faz de gestos e vozes
cada tijolo de pele
cada janela de corpos
uma cidade se faz da solidão das flores
rua de sonhos avenida
de pedras que dormem
e o poema se faz da ausência
da felicidade triste de cada aurora
e da morte que nasce em cada homem
a música das palavras
as palavras fogem pela boca
e no papel onde mergulham
o silencio é a qualidade que perdem
e perdem seu brilho próprio
(falando pouco e ouvindo
com os olhos e com o coração aberto
fazemos as palavras serem gestos
e serem voo e brisa e brilharem)
as palavras se aderem se entretecem
e nessa malha espessa impedem
que a claridade passe :
não brilham nem deixam os outros brilharem
e então o amor com a leveza dos seus dedos
desata os nós e recompõe a música das palavras
o amor nos cartazes
dos muitos gritos
desta cidade vamos
rasgar a seda
dos disfarces e ouvir
o amor nos cartazes
a primeira namorada
a primeira namorada é a última noticia
o tempo é uma nodoa na roupa uma flor murcha
são as crianças que inventam o futuro
brincando de cinderela e esconde-esconde
meu nome não cabe no meu corpo
não sei o meu nome
amanhece na cama arrumada
e os lençóis estão limpos
a vida está limpa
mas os meus cabelos que caem
junto com a poeira no ar os pensamentos e as palavras
impedem que a luz nasça a partir do chão
a primeira namorada sai cavalgando a aurora
e eu fico sozinho com meus sonhos
e com o piano que eu não toco desde menino
escuros no escuro
teus olhos brincam
escuros no escuro
(tão claramente)
e neles amanhece
meu olhar de criança
18 de maio de 1985 , Manicômio Judiciário do Estado da Bahia
A melancia é alegre no prato de metal.O dia,o vento frio,o hospital doente.
Leva meu coração aonde houver conflito,aonde faltar o encontro,a palavra silenciosa e aquele sorriso que acalenta o sonho mais frágil e mais bonito. Para que a vida seja esta confiança na luz que nem sempre é visível ,esta entrega ao que não murchou de velhice e é desconhecido e novo - totalmente em unidade com todos os efeitos e com todas as causas.
Os talheres,depois de lavados,brilham.
O trabalho acontece sem esforço e , quando é feito com amor,é fácil,muito fácil;apesar do cansaço e dos distúrbios que se esgotam na superfície.
piano cítara flauta doce
seu corpo é uma viagem de luz
branco decompõe todas as cores
e é tecido de vários sons :
piano cítara flauta doce
é nele que me descubro
em sua pele se escondem
cada uma das minhas identidades
e amo o cheiro o gosto o contato
formas de meu silencio
onde escrevo ternuras
e me inscrevo náufrago
a desfazer solidão e retratos
até reencontrar meu olhar
dentro dos seus olhos
terça-feira, 24 de setembro de 2013
velhas sementes
esta saudade
que os galhos encobrem
nuvens escondem
no céu a primavera
somos velhas sementes
oração maniqueísta
no escuro sem armas
suporto minha própria sombra
aceito minha condição de filho pródigo
a maldade que vive em mim
caminha comigo de volta
lado a lado com o anjo
sob a proteção do cristo
até a casa do pai
P.S. :O Maniqueísmo vem sendo deturpado desde o século 18,principalmente nos dois últimos(19 e 20),sob a égide do materialismo estreito e do racionalismo reducionista.A Sublime Doutrina desenvolvida nos primeiros séculos cristãos pelo Grande Iniciado Maniqueu(cuja nova encarnação está bem próxima) não é dualista e não vê o Mal com autonomia própria e visa a Redenção do Mal(os Filhos Pródigos) e se resume na máxima:"Ame bem o Mal".A meu ver é a versão mais nobre do Cristinianismo Primitivo,reencarnacionista,esotérico e diserarquizado.
segunda-feira, 23 de setembro de 2013
água menos triste
porque me pedes
água menos triste
delicada realidade
seda e orvalho
porque me pedes
não o presente a presença
coração lúcido
alma desarmada
porque me pedes
o que também preciso
verdade que ama
amor com asas
fragilidade tão forte
nudez das palavras
domingo, 22 de setembro de 2013
corpo da luz que dorme
redes de sonhar
filtram ternura pulsam
(entre olhares
à margem dos gestos) no
corpo da luz que dorme
sexta-feira, 20 de setembro de 2013
primeiro soneto
entre deixe no cabide
sua tristeza suas verdades
a cama é larga
e eu não mordo dizem
que sou manso e me acomodo
no seu sorriso quando
você olha para o lado
e vai às nuvens e meus braços
são frágeis como berço
(você sonhou que eu era seu filho
e não disse que me amava)
ontem eu que não fumo
senti falta de um cigarro:
seus lábios assim de tarde
nascente que nasce
água na água
azul que aprofunda
rio do orvalho
oceano da chuva
nascente que nasce
anjo escada
anjo escada
agora se confundem
já não brigo mais
com pernas e palavras
apenas subo caindo
Inspirado no filme "Alucinações do Passado"(1990,originalmente "Jacob's Ladder" ) que se embasa no relato bíblico da luta de Jacó com o Anjo para subir a Escada que leva até o céu.
quinta-feira, 19 de setembro de 2013
citações
o nome da rosa
emperra o sorriso
gritos sussurros homens
que odeiam as mulheres
mulheres
que correm com os lobos
por quem os sinos dobram
pois é suave a noite
preciosa
entre dois amores
em busca do tempo perdido
onde a voz do silencio
é o oceano
no fim do caminho
no fluxo dos sonhos
de akira kurosawa
luzes vorazes nuvens tatuadas
luzes vorazes
fazem barulho na rua
e reverbera
o silencio áspero
sob nuvens tatuadas
claro trajeto da palavra
cheiros na pele
atravessam a alma:
lembranças leves
saudade forte claro
trajeto da palavra
a mesma face
para fora da vida
para dentro da morte
fulgura
a mesma face
daquele que fala
a primeira palavra
daquele que vive
o último silencio
daquele que desenha
o tempo
e sustenta a eternidade
ahimsa
o lugar da raiva
é ao lado do silencio :
a natureza do fogo
e a natureza da pedra
germinando a ação precisa
sem desvio
sem alarde
e sem violência
para redimir o erro
transbordando justiça
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